Post escrito para o blog da Workana Brasil. Clique aqui para lê-lo por lá.
Falamos, em um post da semana passada, como é importante saber gerenciar as diferentes tarefas a serem realizadas no nosso dia-a-dia e os benefícios de realizar o multitasking (fazer coisas diferentes meio que simultaneamente). No entanto, o Human-Computer Interaction Lab (em tradução livre, Laboratório de Interação entre o Humano e o Computador), da Carnegie Mellon University, na cidade de Pittsburgh – EUA, tem trabalhado em uma nova pesquisa que mostra que o multitasking pode (pasmem!) nos “emburrecer”. Pavor!
A tecnologia está presente nas nossas vidas, muitas vezes mais do que nossos amigos e familiares. Inclusive, a presença de nossos amigos e familiares é facilitada pela tecnologia que temos à nossa disposição. Quantas vezes interrompemos um pensamento para responder a um SMS de um amigo ou atender uma tia no telefone. Ou até responder um e-mail de trabalho, que seja. Todas essas pequenas interrupções, normais para quem está acostumado com multitasking, têm efeitos negativos.
Como mencionamos no post passado, o multitasking pode ser visto de várias formas. No caso do estudo da Carnegie Mellon University, o multitasking se refere à troca rápida entre atividades de diferentes contextos, o que gera essas interrupções maléficas, que resultam na perda da concentração e, no final das contas, em um pior desempenho do que se concluíssemos a atividade sem interrupções, antes de “pularmos” para a próxima.
O New York Times pediu a Alessandro Acquisti, professor de TI, e ao psicólogo Eyal Peer da Carnegie Mellon que desenvolvessem um experimento que medisse a energia perdida pelo cérebro a cada interrupção. Foram 136 pessoas que participaram desse experimento, que consistia de um teste padrão de habilidades cognitivas. Os participantes foram divididos em 3 grupos: um apenas completou o teste. Os outros dois foram informados de que “seriam contatados a qualquer momento por mensagem instantânea com mais instruções”.
Durante um teste inicial esses dois grupos foram interrompidos duas vezes. Depois, um segundo teste foi realizado mas, dessa vez, apenas o 2º grupo foi interrompido. O terceiro grupo ficou esperando a chegada de uma mensagem, que nunca chegou. Vamos chamar esses grupos de “Controle”, “Interrompido” e “Alto Alerta”.
Esperava-se que o grupo interrompido competesse alguns erros, mas os resultados foram piores do que imaginavam. Mesmo os participantes que se consideravam exímios multitaskers cometeram 20% a mais de erros do que os participantes do grupo de controle. Nós, como freelancers, sabemos que 20% de erro é uma taxa ENORME – principalmente porque a maioria dos clientes não tolera erro algum!
Pode-se concluir, então, que a distração de uma interrupção, combinada com a energia que o cérebro gasta em se preparar para essa interrupção já esperada, pode nos emburrecer em 20%. Isso é suficiente para fazer um aluno ser reprovado (tirando 6,2) em vez de aprovado (com nota 8). No caso de nós, autônomos, é suficiente para MUITA má publicidade.
Já na 2ª parte do experimento, os resultados não foram tão horrorosos. Dessa vez, parte do grupo foi informado de que seriam interrompidos de novo, mas na verdade foram deixados em paz. Novamente, o grupo “interrompido” (que, dessa vez, não foi interrompido) se saiu pior do que o grupo de controle, mas a diferença caiu para 14%. Segundo Dr. Peer, isso sugere que as pessoas que são interrompidas e esperam uma nova interrupção podem “aprender” a lidar melhor com a distração.
No grupo de alto alerta, houve uma surpresa. Aqueles que esperavam a tal interrupção que nunca veio melhoraram em 43% e se saíram até melhor do que o grupo de controle! Essa descoberta inesperada requer mais pesquisas, mas Dr. Peer disse que há uma simples explicação: os participantes aprenderam com sua experiência e seus cérebros se adaptaram à situação, mesmo em um curto espaço de tempo.
É possível que a ameaça de uma interrupção futura tenha sido interpretada como um prazo, o que pode ter feito com que eles se concentrassem ainda mais. De qualquer forma, os perigos do multitasking, recurso usado por muitos estudantes e profissionais sobrecarregados atualmente, ainda precisam ser estudados mais a fundo..
Clifford Nass, um sociólogo de Standford, conduziu os primeiros testes sobre multitasking e tem uma citação muito interessante. Traduzindo livremente, ele diz que “as pessoas que não conseguem resistir à atração de fazer duas coisas ao mesmo tempo são seduzidas pela irrelevância”. Agora, temos prova de que não apenas AMAMOS a irrelevância daquele SMS ou daquele inbox que recebemos no Facebook, mas somos também prejudicados por essas pequenas – e, muitas vezes, bem recebidas – distrações, que roubam nossa concentração.
O que aprendemos com o post de hoje? Por um lado, podemos aprender a “afastar” as possíveis distrações da nossa mente. Mas se só aprendemos na base do erro, como os participantes do teste, o recomendável é manter o Facebook fechado e o celular desligado, por via das dúvidas, na hora de trabalhar… XD
Mas, agora, você não está trabalhando. Então, sinta-se à vontade para compartilhar na sua mídia social favorita esse post super esclarecedor. Seu amigo multitasker frenético agradece! 😉