O Facebook e demais redes sociais andam bombando com memes, gifs e “textões” sobre o limite de uso da internet que será implementado pelas grandes empresas de telefonia até 2017. GVT (agora, da Vivo), Vivo, Oi e Net já anunciaram o limite de uso da internet para seus serviços de internet banda larga fixa e o mundo todo está surtando por conta disso – e com razão.

@eopdev Marcelo a redução de velocidade irá ocorrer somente em dezembro na tecnologia ADSL, já no Fibra irá ocorrer o bloqueio.

— Vivo (@Vivoemrede) 11 de fevereiro de 2016

Limite de uso da internet: como funciona?

As gigantes da telefonia decidiram implementar um limite de uso da internet: de acordo com seu plano de internet banda larga, você tem direito a uma certa franquia de dados durante o mês. Ultrapassada essa franquia de dados, sua internet pode ter a velocidade reduzida ou até mesmo cortada, forçando o cliente a adquirir pacotes de dados adicionais (coisa que a gente detesta quando acontece no celular, quanto mais em casa), aumentando custos e gerando inconvenientes.

O limite de uso da internet pode onerar os orçamentos de pequenas empresas, profissionais freelance e clientes que terceirizam serviços.

Há quem diga que isso é uma retaliação das gigantes, pelo prejuízo que vêm tendo por conta de serviços de streaming, como o Netflix. Afinal, pra que pagar R$200 em um plano de TV a cabo, quando posso pagar menos de 10% deste valor e ter acesso a montes de séries e filmes sob demanda? Naturalmente, este novo hábito do brasileiro está gerando um gasto mais alto de dados para, justamente, as empresas que perderam dinheiro no quesito TV. No entanto, o limite de uso da internet é ilegal e poderá prejudicar milhões de brasileiros – inclusive pequenas empresas, freelancers e clientes.

Embora a Anatel já tenha tirado o time de campo, outros estão se posicionando a favor do consumidor. Por exemplo, a associação sem fins lucrativos para a defesa dos direitos do consumidor, PROTESTE, já abriu ação contra a medida, visto que tamanha atrocidade é violação clara ao Marco Civil, que reza que uma operadora de telecomunicações só pode impedir o acesso de um cliente à internet em caso de inadimplência (falta de pagamento).

Serei afetado pelo limite de uso da internet?

Um experimento do site Adrenaline pode ser usado como referência para ver o quanto você será impactado com a implementação desse limite de uso. Aqui vai um resumo do experimento:

Isso significa que, se você é internauta assíduo como eu, você provavelmente será bem prejudicado por essa novidade. Afinal, uma maratona de Netflix (que, normalmente, significa assistir ao menos 5 episódios em um dia só) já corta 5,5Gb de seu plano, para episódios de 20min. Quer um exemplo mais prático? Séries como Demolidor e House of Cards, que têm a temporada inteira liberada em um dia só, muitas vezes são assistidas também (inteiras) em um dia só. Isso significa mais de 10 episódios em um dia. Nenhuma das duas séries mencionadas acima dura 20min, por sinal.

No more Netflix and chill.

No more binge-watching.

Limite de uso da internet e o Profissional Freelancer

Ok, todo mundo já estava surtando só de pensar na redução de seus expedientes de Netflix e Gaming. Agora, a coisa complica ainda mais: e o trabalho, como fica?!

Eu, particularmente, não me chamo Freelaholic à toa. Trabalho ao menos 5h todo dia (usando a internet o tempo inteiro), faço reuniões no Skype, entrego freelas por e-mail, faço pesquisas para meus glossários de tradução, pesquisas de tipografia e imagem para trabalhos de design, entre outras atividades. Fora meus trabalhos de social media, que obviamente requerem que eu fique online 24/7. Mas até mesmo um freelancer que não seja tão conectado quanto eu precisará de um tempo para se ajustar ao limite de uso da internet.

Com o limite de uso da internet, é possível que o profissional freelancer tenha que “economizar” no gasto de dados.

O uso do e-mail, mídias sociais, Whatsapp (web ou se você usa a wi-fi no celular), upload e download de arquivos, reuniões online, blogging, atualizar o currículo e o portfólio em sites de freelas, responder propostas,… tudo isso representa um consumo significativo de dados, que provavelmente deverá ser reduzido por conta do limite de uso da internet. É muita coisa que a gente faz online – e sem perceber!

Há quem diga que o custo excedente da internet pode ser repassado para o cliente. Como plano “Z” (ou seja, em ultimíssimo caso), talvez. Mas a verdade é que o mercado freelancer já é competitivo o suficiente com os preços que cobramos. Se não é justo que sejamos prejudicados pela ganância das empresas de telefonia, é menos justo ainda que os clientes paguem o pato!

Bom… Então, o que fazer?

Honra seja feita: a NET anda lembrando a galera de que já trabalha com franquia de dados e limite de uso da internet desde 2004. Até aí, sem problemas. Afinal, tenho NET desde sempre e nunca percebi redução ou corte em minha internet (com exceção de períodos de manutenção ou down time). O problema é que o limite de uso da internet que será implementado a partir de agora é ainda mais rigoroso – e o pessoal certamente vai sentir, inclusive no bolso.

Há inúmeros abaixo-assinados correndo pela internet que podem se beneficiar de sua assinatura. Há diversos órgãos e associações de defesa do consumidor que já estão se expressando contra essa medida. E há propostas de ajustes nestas alterações, para que, ao menos, supram o consumo do público. Afinal, os números foram definidos com base no consumo “médio” do brasileiro, disponibilizando uma franquia igualitária para todos os clientes – e todos sabemos que “igualdade” não é “justiça”. Dessa forma, os nichos de maior consumo de dados ficam completamente onerados por essa mudança na internet.

Com o limite de uso da internet, precisaremos ficar mais atentos ao consumo de dados – e desligar aplicativos e softwares desnecessários que possam estar “comendo” nossa franquia sem percebermos.

Mas há uma outra saída a considerar: reparem vocês que, em todos os artigos que encontramos na internet, são os mesmos nomes que lemos: Oi, Vivo e Net. Oi, Vivo e Net.  Pois bem. Elas não são as únicas empresas de internet banda larga fixa no país. Portanto, antes que sua internet seja cortada ou reduzida, aconselho que procure, em sua região, prestadores locais de serviços de internet.

Empresas locais, como a Predialnet, podem oferecer as mesmas velocidades de sua operadora atual e não estão se mexendo para adotar nenhuma medida de restrição. Afinal, ao contrário dos gigantes gananciosos, empresas de menor porte entendem que o que mais importa é o consumidor (para mantê-los!).

Mas, ó, fica de boa! 😉

Pelo tanto que já fazemos malabarismo, somos multitaskers natos. Agora, é só ligar um alerta mental e economizar no consumo de dados! Afinal, se temos um limite de uso, o ideal é priorizar o trabalho – e curtir a vida social offline mesmo. :P

O fundamental é manter a calma e saber que, aconteça o que acontecer, vamos achar uma saída.

Conseguimos sobreviver ao fechamento da Mesbla, ao fim dos biscoitos Fofy e do chocolate da Turma da Mônica, ao series finale de Friends e aos reajustes inflacionados dos sorvetes de casquinha. Somos uma geração forte!

Vamos sobreviver a mais este obstáculo! Porque, se tem uma coisa que freelancer é, é flexível.

This is Sparta, bitches! #teamfreela